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Não se fica grande por dar pulos

data-filename="retriever" style="width: 100%;">"A tecnologia não está apenas mudando a maneira como trabalhamos, mas as condições laborais como um todo. Muitos empregos de hoje não existirão no futuro e a maioria das crianças que atualmente estudam no ensino fundamental trabalharão em áreas que nem sequer foram criadas." Essa frase foi retirada do Relatório de Desenvolvimento Global - A Natureza Mutável do Trabalho (WDR 2019, em inglês), do Banco Mundial. O relatório diz mais: "habilidades como trabalho em equipe, liderança, empatia e resolução de conflitos serão fundamentais para o trabalhador do futuro". E sugere que os programas e currículos escolares proponham conteúdos e atividades que foquem no desenvolvimento dessas habilidades, o que possibilitará às crianças estarem aptas a trabalharem, no futuro, em qualquer área.

O trabalho em equipe, a empatia e a capacidade de resolver conflitos podem ser desenvolvidos mais facilmente com atividades curriculares e por meio do convívio escolar, mas a verdadeira liderança, acredito ser um pouco mais difícil. Por mais que os estudiosos do assunto digam que os líderes não nascem líderes, mas são feitos, não acredito em fórmulas mágicas para formar lideres, sem a existência da predisposição inata. No entanto, acredito que um currículo, baseado na ética e no respeito ao próximo, pode ser o meio que possibilite o aprimoramento da aptidão existente.

Um currículo bem elaborado pode proporcionar autoconhecimento, estimular a criatividade, desenvolver o senso crítico, a responsabilidade e atitudes de solidariedade, possibilitando ao educando perceber que ninguém se torna um verdadeiro líder por ocupar um cargo importante ou por ter milhões de seguidores numa rede social, quando o objetivo é unicamente obter prestígio e protagonismo, que o verdadeiro líder se preocupa com o coletivo, adota atitudes de desprendimento, muitas vezes se colocando no lugar do outro, para melhor compreender o problema, vivenciar a dificuldade e propor soluções.

Joaquim Nabuco, grande diplomata brasileiro, em 1907, escreveu em seu diário: "não se fica grande por dar pulos. Não podemos parecer grandes, senão o sendo." Ele defendia que o Brasil deveria buscar status de mais prestígio internacional, única e exclusivamente por meio dos méritos de uma diplomacia forte, porém sem excessos, pois a chave do êxito estava na demonstração da capacidade de construir consensos, sem prepotência e aspirações de domínio.

Para ser um bom líder vale a mesma premissa, não basta querer ou adotar atitudes autoritárias, arrogantes e individualistas, criando confusões e provocando desentendimentos. A liderança é conquistada pelo conhecimento, não necessariamente acadêmico, mas de vivência, pela prática de atitudes responsáveis, de parceria, de colaboração e de respeito e, também, pela demonstração de sensibilidade e inteligência emocional no enfrentamento dos problemas, de forma imparcial, racional e eficaz. Contudo, organizar um currículo e atividades para a formação de bons líderes não é uma tarefa simples, ainda mais numa época em que o desrespeito domina as relações, mas é necessário e urgente se quisermos, no futuro, líderes mais capacitados e com respeitabilidade.

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